quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Eleições Québec 2012: Saúde

Québec 2012: santé
As eleições estão próximas no Québec, dia 04 de setembro 2012, e posso dizer que andam devagar quase parando, espero ver algum resultado sobre a greve dos estudantes, a continuação do Plan Nord e sobre o sistema de saúde. Sobre este último tema que vou falar um pouco neste post, achar um médico de família por aqui não é tarefa fácil mesmo para os gatinoises pure laine, imagina para os recém-chegados imigrantes, somente para vocês entenderem como anda o problema, as grávidas que teoricamente ao estarem com sua gravidez confirmada deveriam ser encaixadas em qualquer médico de família mais próximo de sua residência em definitivo, também andam enfrentando problemas para sair do sistema de atendimento sans rendez-vous, ou seja de quem não tem um médico de família ainda definido.

Existe relatos de pessoas que estão a mais de 5 anos esperando, e denuncias de escolhas pessoais dos médicos por seus pacientes, que não respeitam as listas de esperas e passam quem querem para a frente. E isso é fato, não entendo todo o processo de seleção de um médico por um paciente, mas sei dizer que já vi casos onde a mulher conseguiu um médico de família pois estava grávida (com riscos), e na carona o médico  aceitou o marido, que adivinhem também não tinha médico de família <neste caso é bem compreensível e admissível a seleção>. Mas, vejamos este outro caso, um professor da francização, cuja mãe é médica em outra cidade, ligou para o centro local e em menos de uma semana seu filho que se mudou para Gatineau para trabalhar conseguiu um médico de família, o rapaz em questão é jovem, saudável e sem nem ficar em lista de espera consegui já seu médico de família. (Sorte? Jeitinho québécois? Faça sua própria análise...). 

Mais um exemplo? Lá vai, uma conhecida nossa, imigrante também, começou a namorar sério com um gatinois pure laine, como o namoro ficou sério, a mamãe gatinoise resolveu pedir ao médico da família, e aqui pelo que eu entendi literalmente é da família mesmo, pois atende dos avós aos netinhos de toda a família, para o médico incluir sua possível futura nora na lista de pacientes, vai lá entender o tipo de relação e poder do pedido da senhora com o médico, só sei que ele de pronto atendeu. Enquanto isso, nós aqui continuamos esperando!   

Assistindo aos debates fiquei chateado de como os políticos estão enfrentando o problema, e de como isso deve continuar um bom tempo ainda. O que vi foi um empurra, empurra de responsabilidades, o partido no poder culpa o antigo pela crise e falta de médicos, aponta erros históricos de demanda e sistema, a oposição por sua vez culpa a situação de falta de investimentos. As propostas para resolver a questão? Até aparecem, mas são negadas de inicio, exemplo aumentar o número de formandos em medicina (negado), facilitar a entrada de médicos estrangeiros no mercado (negada, os políticos dizem que culpa da ordem!). Dar mais poder as outras profissões da saúde, como enfermeiras e farmacêuticos (Em análise ad infinitum = Quase negada!). 

Não é segredo que Gatineau sofre bastante com carência de médicos, pois estando do lado de Ottawa, os governantes do Québec nunca colocam a cidade como prioridade, pois sabem que se o povo precisar vai parar em Ottawa. Está certo que isso é uma verdade, mas não deveria ser assim, e entendo a chateação da população local com a resposta do governo sobre nossa região.

A população de Gatineau em referendo local, apontou como possível solução do problema a implantação de uma faculdade de medicina na cidade de Gatineau, pois isso iria aumentar o número de médicos na região, novos professores (médicos), novos alunos residentes, que mesmo que temporários iriam ficar um tempo na cidade. Mas o governo negou o pedido, o ministro da saúde do Québec pessoalmente aqui na cidade em um debate disse mais, que eles estão pensando em diminuir o número de ofertas de vagas de medicinas nas faculdades já abertas do Québec. (Esse povo que quando adoece vai para os EUA, tão me lembrando os políticos brasileiros que vão se tratar sempre nos melhores hospitais particulares do Brasil e do mundo e, só visitam os hospitais públicos em cerimônia de lançamento.) 

A ordem dos médicos já se manifestou contra uma das propostas mais defendidas pelos políticos, em vez de aumentar os formandos ou de abrir o mercado mais facilmente aos diplomados estrangeiros, o que os políticos estão defendendo é simplesmente aumentar o número mínimo de pacientes por médico, dos atualmente 800 para 1000 pacientes por médico, seguindo cálculos ditos pelo ministro isso iria solucionar o problema imediatamente e deixar a situação tranquila até 2015. (sinceramente não sei de onde ele tirou isso!)   


Veja também:



2 comentários:

  1. Achei excelente a ideia da Universidade, por que será que negaram?

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  2. Não é que negaram, mas estão dificultando porque é a McGill -> anglo... Duvido que isso ia acontecer se fosse a ULaval ou a Sherbrooke... Mas, falando a respeito do médico de família, foi só o François Legault da CAQ que propôs aumentar o número de pacientes por médico, e ele é apoiado pelo Dr. Barrette, que é presidente da federação dos médicos especialistas (como médico de família é omnipraticien, ele está jogando o problema pra outra federação, rs!). Só que eu concordo com eles, pois esses médicos de família sempre dão um jeitinho de incluir alguém na lista de pacientes deles, diante de um motivo justo, ou seja, um daqueles motivos que você já explicou (jeitinho quebeco, amizade, conhecido-do-conhecido, networking, etc). Então, se tem sempre jeitinho para incluir um, então que usem o mesmo jeitinho para incluir mais 200.

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